Autor: Jorge Dantas
Edição: Jorge Dantas
Capa: Jorge Dantas
Dezembro de 2012
Colectânea: 200 páginas
ebook PDF: Bubok.pt
ebook Kindle: Amazon.com
Excerto:
Não posso dizer que estivesse numa boa semana.
Segundo o Ardina Gabriel, o jornal semanário da vila, mais precisamente segundo
aquela secção benemérita mas tantas vezes menosprezada que é a reprodução dos
divinos desígnios do horóscopo, encontrava-me numa semana absolutamente
terrível:
Das luas de Júpiter chegava até mim uma
estranha influência da sua complexa conjugação de órbitas que me impelia para o
denominado “desastre amoroso recorrente”. Como se não chegasse, Saturno estava
em casa adversa, adivinhando-se um “repentino desabar” da minha pouca saúde;
Neptuno em “influência negativa” esvaziando-me os bolsos e a carteira a uma
velocidade “dantesca”, e mesmo os planetas mais próximos apenas me impeliam
para um destino tortuoso: Marte prometia-me “peçonha”, Vénus “inquietude”,
Mercúrio “gripe”, e até a lua estava em quarto crescente indicando que todo o
meu azar “seguirá o rumo ditado pelas sortes crescendo até à lua cheia”.
Quando depois de ter partido dois pratos,
espetado um garfo na testa e derretido uma panela, o jantar pegou fogo, tomei
consciência de que não estava perante uma mera onda negativa de proporções
bélicas, mas sim perante uma verdadeira conspiração contra o meu futuro, na
qual era notório um certo humor entre carrasco e carcereiro na forma como
brincavam com o meu pescoço antes de finalmente concluírem o cortar da minha
goela.
Se ao menos o intrépido Hipólito Madeira, o
meu mestre, em vez de gozar as honras de herói da nossa vila, São Gabriel, se
preocupasse comigo, seu pupilo, talvez o meu negro desígnio fosse invertido ou,
pelo menos, aplacada a sua ira.
Apaguei o incêndio com um pacote de farinha,
como nos grandes filmes americanos, dissimulei os estragos no caixote do lixo e
inspirei fundo preparando-me para comunicar ao meu mestre que teríamos de ir
jantar novamente ao Sílvio da Lampreia, quando o telefone tocou.
Caminhei calmamente e muito direito na
direcção do aparelho (ando a treinar a pose de cavalheiro segundo a postura que
Hipólito Madeira me demonstrou) e atendi com toda a pompa e circunstância:
-
Residência de Hipólito Madeira, em que vos posso ser útil?
-
Xavier?!
-
Sim. Quem...
-
Ajuda-me Xavier!
-
Mas diz...
-
Traz Hipólito até nossa casa!
-
Mas? Cláudia, o que...
-
Depressa Xavier!
-
Mas?!
-
Depressa estamos prisioneiros!
-
Mas Cláudia, o que se passa?
-
...
A chamada tinha caído e o telefone
apresentava-me apenas o som do vazio.
Hipólito Madeira chegou junto de mim em dois
passos decididos:
-
O que se passa Xavier?
-
Era Cláudia Açor mestre. Parece que alguém tomou de assalto a residência de
Jerónimo Berlenga e tomou os moradores como reféns.
-
Xavier, telefona imediatamente à Eunice, e prepara-te para sair em trinta
segundos.
Hipólito Madeira correu para o seu escritório,
provavelmente em busca da sua potente pistola de cartuchos, enquanto eu disquei
o número da esquadra da polícia, telefonando para a comissária, Eunice
Bretanha, como o meu mestre me indicara. Aguardei um pouco, de coração
acelerado, esperando ouvir a voz de Dionísio Minorca, o enorme polícia que compõe
a guarnição da vila, porém o telefone continuava mudo, sem me devolver qualquer
som, nem mesmo o sinal de chamada. Pousei o auscultador e repeti a operação,
porém, o resultado obtido foi o mesmo. Por alguma razão o nosso telefone
deixara de funcionar.
Gritei o sucedido para o meu mestre, com a
inquietação a aumentar-me no peito em uníssono com um leve tremor nas mãos.
Hipólito Madeira surgiu de rompante nesse mesmo segundo e arrastou-me para a
rua sem tecer qualquer comentário.
Atravessámos o pequeno jardim da entrada,
tendo Hipólito Madeira arrombado o portão com um violento pontapé, dando
mostras de uma fúria que só conhecera quando na face dos seus mais temíveis
adversários, e atirou-se para o interior do seu carro antiquado, incitando-me a
apressar-me.
Disparámos em direcção ao centro de vila e em
poucos segundos estávamos a atravessar o largo em frente da igreja ignorando o
asfalto da estrada e cortando a direito pelas lajes esbranquiçadas da praça.
Uma guinada mais assertiva levou a que as rodas traseiras deslizassem e o motor
roncasse em protesto, mas devolveu-nos ao alcatrão sem mácula, seguindo-se um
coro de buzinadelas para dispersar um bando de jovens que se encontravam no
meio da estrada na Rua Carmelinda em frente à Tasca do Bandido. Passámos a toda
a velocidade pela padaria e pela mercearia da Joana Jamaica, o que me provocou
um novo aperto no estômago motivado pelo tal “desastre amoroso recorrente”, e
em menos de um minuto chegámos à entrada do terreno, na zona arborizada fora do
centro da vila, onde se ergue a mansão de Jerónimo Berlenga, pai de Cláudia
Açor, e presidente da câmara de São Gabriel.
A estrada frente ao portão encontrava-se
deserta e silenciosa, tal como o interior da propriedade, oculta pelo elevado
muro de pedra, de onde não provinha qualquer som ou sinal de que algo de
anormal estivesse a decorrer.
Hipólito Madeira estacionou junto ao muro e
correu para fora do veículo.
-
Despacha-te Xavier!
Ao sair atabalhoadamente, escorreguei no solo
húmido e torci um pé, engoli o grito, e a muito custo, amaldiçoando todo o
sistema solar e galáxias adjacentes, coxeei no encalço do meu mestre.
Hipólito Madeira sacou a pistola de cartuchos
do interior do casaco, deslizando encostado ao muro que cercava a propriedade,
e num golpe repentino espreitou pelo portão entreaberto para logo voltar ao
abrigo do muro de pedra.
-
Nada. – sussurrou.
Indicando-me que o seguisse cautelosamente,
atento ao seu exemplo, o meu mestre levou-nos através do portão de sombra em
sombra até junto da entrada do edifício. Este, uma elegante vivenda de dois
andares e paredes brancas, estendia-se à nossa frente, afastado dos muros por
um pequeno jardim repleto de árvores de copas frondosas, que usámos em nosso
proveito para nos proteger da lua e dos candeeiros da estrada. Não havia luzes
nas janelas, e todo o edifício se mantinha imóvel e silencioso, como se os seus
habitantes se encontrassem profundamente adormecidos.
Ignorando a entrada principal da vivenda,
Hipólito Madeira conduziu-me através do jardim até às traseiras do edifício,
apontando-me uma porta de madeira escura que unia a mansão a um pequeno pátio,
rodeado por canteiros de flores, onde existia um estendal despido de roupa.
-
Entrarei por ali Xavier. Tu permanecerás aqui. Se eu não voltar dentro de dez
minutos deves correr até à esquadra da polícia e vir em meu auxílio.
Compreendes o que te digo? Não entrarás na casa de Jerónimo Berlenga, seja
porque razão for, aconteça o que acontecer, oiças o que ouvires. És a única
pessoa que sabe que estamos aqui e o único que pode mudar o rumo dos
acontecimentos no caso de a minha intervenção não correr pelo melhor.
Compreendes?
-
Sim mestre. Não sairei daqui até me chamar, ou até que se ultrapasse o limite
de tempo, caso em que irei em busca de ajuda.
-
Muito bem. Dez minutos.
Oculto no interior do jardim, atrás da
folhagem de uma pequena e indistinta árvore, apenas dois palmos mais alta do
que eu, mantive os olhos postos nos ponteiros fosforescentes do meu relógio de
pulso e assisti ao disparar de Hipólito de Madeira em direcção à porta das
traseiras da vivenda do presidente. Como estaria Cláudia Açor? O que se
passaria no interior do edifício? Não me teria limitado a imaginar o telefonema
de Cláudia? Não, não, isso não era possível. Mas tudo parecia tão adormecido...
Hipólito Madeira atingiu o seu objectivo em
menos de um ápice, de arma na mão, apontada ao solo, e de braço recolhido
mantendo-a próxima do seu corpo.
A fechadura cedeu de imediato, mal o meu
mestre rodou a maçaneta da porta, o que me intrigou a princípio, mas como
Hipólito Madeira imediatamente desapareceu no interior do edifício, dei por mim
sozinho naquele sinistro jardim repleto de sombras e fixei de novo os olhos nos
ponteiros do meu relógio.
Um braço de vento agitou as folhas das árvores
num sonoro crepitar que me arrepiou por dentro e por fora, impacientando-me
exponencialmente com a demora nos movimentos dos ponteiros do relógio.
Quanto tempo demorariam afinal dez minutos?
Seria que o meu mestre já se inteirara da situação? O que estaria a acontecer?
O que...
Lancei novo relance aos ponteiros do relógio,
mas quando levantei os olhos na direcção por onde o meu mestre desaparecera,
estremeci de susto. Uma mão, saída pela frincha da porta, que o meu mestre
deixara entreaberta, agitava-se na minha direcção como que chamando por mim.
-
Xavier... Xavier... – Não tinha a certeza se realmente ouvia o som do meu nome,
ou se tudo não passava da minha imaginação, mas a mão chamava indubitavelmente
por mim, apontada ao meu esconderijo, onde apenas o meu mestre sabia que me
encontrava, pelo que, apesar de não conseguir ver o dono da mão que chamava por
mim, uma vez que este estava oculto na penumbra que reinava no interior do
edifício, senti-me impelido a correr na direcção do chamamento.
Mal me mostrei a mão desapareceu, o que me
incitou a correr ainda mais depressa, pelo que foi arfando que saltei para o
interior da mansão, procurando avidamente por uma luz ou ponto de referência.
-
Já o temos!
Um enorme peso abateu-se sobre mim e os meus
pés perderam o contacto com o solo.
-
Mas... – tentei balbuciar a minha surpresa e indignação, porém um pano amargo e
fétido entrou-me pela boca adentro e sufocou os meus protestos.
-
Traz o rapaz.
Senti o peso sobre o meu corpo tornar-se menos
forte, permitindo-me respirar, mas logo tomei consciência de que tinha os
pulsos amarrados atrás das costas. Alguém me ergueu do chão, onde tivera sido
imobilizado, obrigando-me a caminhar à sua frente.
Os meus captores pareciam ser dois homens
enormes vestidos de negro e com o rosto oculto atrás de uns gorros da mesma
cor, que lhes ocultavam a voz e tudo o resto à excepção dos olhos, dos quais
tinha a noção de um ténue brilho no fundo de dois cortes que existiam no
tecido.
Os dois conduziram-me através dos corredores
negros guiados apenas pela luz do exterior que cruzava os vidros das janelas,
mantendo sempre, o que caminhava atrás de mim, uma das suas enormes mãos
apertada em volta do meu pescoço, dirigindo-me assim como se de um boneco me
tratasse.
Desembocámos numa sala profunda, que ao
princípio me pareceu vazia, mas onde não tardei a distinguir quatro vultos
amarrados, costas contra costas, ao centro da sala: Jerónimo Berlenga, as suas
criadas, as irmãs Lurdes e Florbela Irlanda, e por último, deixando-me um nó na
garganta, Cláudia Açor.
-
Vigia-os! – atirou um dos homens – Vou ver se o betinho já está preparado para
nos ajudar.
O homem que falara desapareceu, mantendo-se o
segundo bem seguro ao meu pescoço. Incapaz de rodar a cabeça, procurei com os
olhos o meu mestre em todas as direcções. Estaria ele prestes a salvar-nos?
O bandido pareceu ler as minhas esperanças.
Atirou-me de encontro ao solo e soltando uma sonora e sinistra gargalhada
atirou:
-
Não te preocupes com o teu mestre. Hipólito Madeira está fechado e amarrado na
dispensa. Percebes? Ninguém virá em teu socorro.
As gargalhadas sinistras ecoaram pelo salão.
Dei por mim caído aos pés de Cláudia Açor que se contorcia avidamente tentando
libertar-se. Imbuído de uma nova e redobrada energia tentei pôr-me de novo em
pé, mas o melhor que consegui foi sentar-me, toldado que estava de equilíbrio e
movimentos pelos meus pulsos atados, compreendia agora, por uma resistente fita
adesiva, idêntica à que amarrava e amordaçava a família Berlenga.
O bandido soltou nova gargalhada pelos meus
esforços e senti Cláudia Açor agitar-se de novo. Não se conseguiu libertar, mas
a tira de fita que lhe tapava a boca soltou-se um pouco permitindo-lhe
articular palavras:
-
SEU INÚ...
Cláudia Açor calou-se subitamente. O homem
apontava um revolver directamente à sua cabeça.
-
Calminha minha querida, se não vamos os dois dançar...
O segundo bandido regressou ao salão
transportando entre os braços um saco volumoso que parecia ser bastante pesado.
-
Deixei o betinho amarrado na biblioteca furioso. Desatou aos urros quando lhe
contei que o salvador oficial da família Berlenga estava em nosso poder!
-
O que fizeram ao meu irmão? – perguntou Cláudia Açor, e só aí compreendi que
por “betinho” o homem se referia a Cristóvão Açor Berlenga, o filho mais velho
de Jerónimo Berlenga que vivia em São Rafael, uma vila vizinha de São
Gabriel.
-
Caladinha meu petisco! – soltou o segundo homem sacando também ele uma arma que
reconheci como sendo a mítica pistola de cartuchos do meu mestre – Hipólito
Madeira não te virá salvar, esse idiota de herói... Caladinha se não faço essa
tua bela tromba em papa!
-
NÃO FAZES NÃO!!!!
Um rugido avassalador fez estremecer o salão,
no mesmo instante em que em que um enorme vulto caía sobre os dois homens.
Um clarão iluminou a sala e senti o projéctil
disparado sobrevoar-me a grande velocidade de encontro ao estilhaçar de uma
janela.
Cláudia Açor gritou, Jerónimo Berlenga tentou
erguer-se em fúria atirando as irmãs Irlanda de cara contra o chão. Um dos
bandidos gemia por baixo do enorme vulto que o atacara e o segundo bandido,
refazendo-se da surpresa, preparava-se para esvaziar a pistola de cartuchos de
Hipólito Madeira sobre ele.
Um flash
de memória relembrou-me o espírito rebelde da arma do meu mestre, que nem ele
próprio conseguia domar na totalidade, e saltei sobre o bandido rezando para
que a arma desse de si e ele não conseguisse disparar em condições.
Amarrado como estava, choquei desastradamente
com o homem, que em vez de me alvejar, tentou evitar a minha investida. Não o
consegui derrubar, acabando por me estatelar no chão, abafando na mordaça um
grito provocado por aterrar em cima de um objecto metálico que se encontrava
sobre o soalho. O bandido ergueu de novo a arma num momento de indecisão entre
me alvejar a mim ou ao vulto que se debatia no chão com o seu comparsa.
Tarde demais.
O vulto, fosse lá o que fosse, aproveitou a
indecisão do bandido e caiu sobre ele, chocando violentamente com a sua cabeça
e obrigando-o a rolar no chão. Incrédulo, com os meus ouvidos cheios dos ruídos
da luta e dos gritos de Cláudia, tomei consciência de que o objecto de metal
que me furava o abdómen era o revolver do primeiro bandido. Tentei rolar e
agarrá-lo, enquanto assistia ao desenrolar da luta de sombras.
O primeiro bandido a ser abatido pelo vulto
tentava levantar-se a custo, o segundo, por seu lado, tinha-se desembaraçado do
seu agressor e apontava a arma de novo aos prisioneiros ameaçando Cláudia Açor:
-
EU MATO-A! EU MATO-A!
Quase em simultâneo consegui agarrar o
revólver, este disparou sozinho queimando-me os dedos, o vulto gritou “NÃO” e
saltou de novo sobre o segundo homem, que girou a arma de Hipólito Madeira na
sua direcção. O enorme clarão do disparo iluminou a face do nosso salvador, era
Tristão Sardenha, o enorme e deformado talhante da vila, amigo fiel do meu
mestre Hipólito Madeira. O embate entre os dois homens levou a que o tiro
atingisse o tecto da sala, soltando parte da pintura que crepitou de encontro
ao soalho, enquanto a arma era projectada vários metros. Tristão correu na
direcção dela, soltando o bandido, que correu por sua vez correu ao meu
encontro e me obrigou a rolar com um pontapé nas costelas.
-
Vamos embora daqui! - gritou para o seu colega enquanto pegava na arma e
disparava dois tiros na direcção de Tristão que, mal recuperou a pistola do meu
mestre, se viu obrigado a esconder-se evitando as balas.
Os dois bandidos fugiram em direcção à porta,
disparando um novo tiro na direcção de Tristão, e um segundo, por maldade ou
descuido que me fez gelar o sangue, na direcção dos prisioneiros.
Tristão apontou a arma do meu mestre e
disparou, mas nada aconteceu para além de um estampido seco. A arma de Hipólito
Madeira precisava de ser recarregada a cada novo disparo. Quando Tristão
percebeu o que sucedera, já os bandidos tinham desaparecido.
-
Ajuda depressa!
O grito de Cláudia acordou-me para a
realidade, alguém tinha sido atingido.
Tristão correu na direcção de Cláudia e,
rebentando a fita adesiva que a prendia, soltou a rapariga, Lurdes e Florbela
Irlanda e, por fim, Jerónimo Berlenga que imediatamente caiu desamparado no
chão.
-
NÃO!!!!
O grito de Cláudia furou-me os ouvidos e nem
senti que Tristão me soltava também dizendo:
-
Hipólito Madeira, depressa temos de os perseguir!
-
Onde estão eles?! – Cristóvão Açor Berlenga, desarranjado, suado, despenteado e
com um fio de sangue a escorrer pela boca, entrou no salão munido com uma
enorme faca de cozinha, accionando o interruptor e iluminando o salão numa
claridade que me cegou por momentos.
-
Cristóvão! Ajuda a tua irmã! – gritou Tristão para o recém-chegado enquanto me
arrastava atrás de si.
À saída do salão Tristão mergulhou sobre uma
porta do corredor, rebentando a fechadura e desaparecendo no interior da
divisão. Tratava-se da dispensa onde Hipólito Madeira fora aprisionado.
Tristão soltou o meu mestre num par de
segundos e entregou-lhe a sua arma. Hipólito Madeira imediatamente libertou os
cartuchos vazios e carregou uns novos provenientes do seu cinto,
precipitando-se para o corredor.
O barulho distinto do motor de um automóvel
chegou até os meus ouvidos. Os bandidos preparavam-se para fugir.
Corremos até à porta de entrada, sentindo o
veículo a contornar a casa a grande velocidade. Esta encontrava-se entreaberta
e ainda tive a percepção das luzes vermelhas da traseira de um automóvel a cruzar
o portão da propriedade.
-
Depressa estão a fugir no meu carro! – gritou Cristóvão Berlenga, que de
telefone na mão chamava uma ambulância ao mesmo tempo que ameaçava os bandidos
do parapeito da sua casa.